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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Nonno.


Hoje me deu uma saudade sem tamanho do meu nonno.

Aí pensei numa coisa, poderia falar dos meus avós, contar um pouquinhos dos "causos" pra vocês.

Porque eu sou uma pessoa pra lá de privilegiada. Até meus 26 anos desfrutei da companhia dos 4! E não é só dizer que tenho avós, a gente se ama, se respeita e temos uma ótima convivência.

Tudo bem que o nonno e a nonna (Giuseppe e Luciana, pais do meu pai) eu via menos, pois desde que nasci moravam no litoral sul de São Paulo. Mas isso não fez com que gostasse menos do que do vô e da vó (José e Vitorina, pais da minha mãe).

NONNO.

Italiano legítimo, nascido em Veneza. Sotaque carregado, viveu mais anos no Brasil do que em sua terra natal, mas sempre parecia recém-chegado.

Suas histórias do tempo em que foi marinheiro durante a II Guerra são inesquecíveis. E a que conto pra vocês, só pra ilustrar, é que ficou preso durante 1 ano e meio no navio, sem poder sair. Ai, que desespero!

Casou-se com Luciana, sua vizinha, e com ela tiveram o pequeno Giorgio. Filho prematuro, muitos problemas de saúde (que valem outro post).

Veio para o Brasil com um grupo que ensinariam seus ofícios, até então novos, para os brasileiros. Primeiro veio ele, arrumou lugar para ficarem, e depois a mulher e o filho. Tempo depois vieram seu sogro Mario, sua sogra Ada e sua cunhada Graziella.

Mas o que interessa não é sua biografia, e sim as lembranças que tenho dele. Pra mim ele era o Poppeye (até lembrava fisicamente), fazia "drinks" pra gente antes do almoço (água com gás e groselha), me ensinou a amar o mar, a comer frutos do mar, a nadar (imaginem se neta de Veneziano não nadaria...rs), a gesticular enquanto durante a conversa, a ouvir música italiana e me emocionar, a entender um pouco de italiano (pois a mistura dos dois idiomas era demais...rs), enfim, plantou uma sementinha na pequena Tatiane pra que ela se tornasse a mulher que é hoje.

Uma cena que não me sai da memória. No nosso casamento (meus 4 avós foram padrinhos, honra sem preço), na hora de cumprimentá-lo, ele não sabia se me beijava, se abraçava ou só dava a mão. Me deu um beijo na testa. E eu abracei-o e pude sentir que ele estava travado de tanta emoção. E me deu vontade de chorar (que me invadiu de vez quando cumprimentei meu avô, mas conto depois também). Deve ser ótimo ver uma neta casar, mas é melhor ainda ter seu nonno no casamento!

Depois de uma luta contra o mal de Parkinson, ele faleceu no dia 29 de março de 2005. Sua vontade era ser cremado, e assim foi. Suas cinzas foram jogadas no mar, e não poderia ser diferente, pois aquela era sua paixão.

Alguns meses depois do falecimento, fomos ao ponto onde meu pai jogou as cinzas. Levamos flores e ficamos lá, olhando pro mar e orando. E voltamos mais vezes. E a cada vez uma saudade imensa, uma lágrima que rola, mas a certeza de que vivemos intensamente essa nossa relação.

O que sinto, de verdade, é que ele não pode conhecer sua bisneta, Ana Elisa (pelo menos não nesse mundo...). Tenho certeza que ela adoraria conhecer suas histórias, levar o tapinha nas costas e ouvir seu famoso bordão: "Tutto benne, bella?"

P.S.: Na foto. Em pé, da esquerda pra direita: papis, mamis, nonna e nonno. Embaixo, eu e maninho. Foto beeeeem recente...rs.

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