Hoje acordei relativamente cedo. Abri a janela, olhei para o céu e vi que estava nublado.Me lembrou aquele último sábado.
Deixei Ana Elisa com meus avós e minha prima e rumei, com meu marido, mãe e irmão, para Santos. Chegamos cedo, comemos algo por ali mesmo e fomos para o hospital, já era horário de visita.
No quarto, ela estava bem, recuperando-se. Riu, emocionou-se, pegou minha mão, fez planos para o aniversário da bisneta e também para o casaquinho de lã que faria assim que saísse do hospital. Estava lúcida, bem humorada, os olhinhos azuis bem vivos e espertos.
Eu, a contragosto, me despedi para que os demais pudessem vê-la. Ela me pegou a mão e me olhou bem no fundo dos olhos. Quando eu já estava na porta ela me chamou e disse que me amava muito. E eu disse que também a amava (e amo) muito. Engoli seco e desci.
Fiquei pensando na outra senhora, na cama ao lado da dela, que estava mal. O quanto a família deveria estar sofrendo. E fiquei aliviada, pois tinha certeza de que naquela semana ela teria alta e, no próximo final de semana, a visita seria em casa. Em casa fica tudo melhor, Ana poderia ir também e alegrar aquele coraçãozinho italiano.
O horário de visita acabou e ficamos um tempo na porta do hospital, conversando com meu pai. Ele tinha suas preocupações, em como seria dali pra frente. Ela não poderia mais continuar morando sozinha, trazê-la para morar conosco não era uma boa ideia, pois no litoral ela tinha melhor qualidade de vida. Alguém iria morar com ela, não teria jeito. Mas, e os medicamentos, que não estavam contendo a infecção. O médico daria alguma orientação, com certeza.
No domingo, durante uma conversa trivial pelo MSN, meu irmão me conta que ela fora transferida para a UTI. A febre não cedia, ela tinha uma espécie de desmaio e precisava de monitoramento. Mas meu pai conseguiu visitá-la, estava "dormindo", mas serena.
Na segunda-feira cedo, toca o telefone. Eu já sabia, lá no fundo, qual era a notícia. Fui atender pedindo a Deus que não fosse aquilo, mas era. A nonna havia falecido. Como aquela notícia doia. Eu não conseguia entender, não conseguia aceitar, e o chão parecia que queria me engolir.
Mas a gente não prevê o futuro, e não muda o passado. Fiz o que pude, larguei tudo pra visitá-la, e tenho certeza de que ela sabe o quanto significa pra mim, pra gente.
Precisava escrever isso, precisava desfazer esse nó na garganta.
Agora o Sol está começando a aparecer entre as nuvens e, de alma lavada, vou curtir esse sábado.
Beijo, bom findi!
1 comentários:
minha vó tem 96 anos, está tão fraquinha ... ela é o grande amor da minha vida, cuidou de mim desde o meu nascimento, dormíamos juntas até os meus 13 anos ... eu não sei como será quando ela partir :/
vózinhas deveriam ser eternas.
beijo e abraço carinhoso pra vc.
Postar um comentário