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sábado, 16 de outubro de 2010

Sábado...





Hoje acordei relativamente cedo. Abri a janela, olhei para o céu e vi que estava nublado.Me lembrou aquele último sábado.

Deixei Ana Elisa com meus avós e minha prima e rumei, com meu marido, mãe e irmão, para Santos. Chegamos cedo, comemos algo por ali mesmo e fomos para o hospital, já era horário de visita.

No quarto, ela estava bem, recuperando-se. Riu, emocionou-se, pegou minha mão, fez planos para o aniversário da bisneta e também para o casaquinho de lã que faria assim que saísse do hospital. Estava lúcida, bem humorada, os olhinhos azuis bem vivos e espertos.

Eu, a contragosto, me despedi para que os demais pudessem vê-la. Ela me pegou a mão e me olhou bem no fundo dos olhos. Quando eu já estava na porta ela me chamou e disse que me amava muito. E eu disse que também a amava (e amo) muito. Engoli seco e desci.

Fiquei pensando na outra senhora, na cama ao lado da dela, que estava mal. O quanto a família deveria estar sofrendo. E fiquei aliviada, pois tinha certeza de que naquela semana ela teria alta e, no próximo final de semana, a visita seria em casa. Em casa fica tudo melhor, Ana poderia ir também e alegrar aquele coraçãozinho italiano.

O horário de visita acabou e ficamos um tempo na porta do hospital, conversando com meu pai. Ele tinha suas preocupações, em como seria dali pra frente. Ela não poderia mais continuar morando sozinha, trazê-la para morar conosco não era uma boa ideia, pois no litoral ela tinha melhor qualidade de vida. Alguém iria morar com ela, não teria jeito. Mas, e os medicamentos, que não estavam contendo a infecção. O médico daria alguma orientação, com certeza.

No domingo, durante uma conversa trivial pelo MSN, meu irmão me conta que ela fora transferida para a UTI. A febre não cedia, ela tinha uma espécie de desmaio e precisava de monitoramento. Mas meu pai conseguiu visitá-la, estava "dormindo", mas serena.

Na segunda-feira cedo, toca o telefone. Eu já sabia, lá no fundo, qual era a notícia. Fui atender pedindo a Deus que não fosse aquilo, mas era. A nonna havia falecido. Como aquela notícia doia. Eu não conseguia entender, não conseguia aceitar, e o chão parecia que queria me engolir.

Jamais, naquele sábado, eu imaginaria que, 2 dias depois, ela não estaria mais aqui. Se eu soubesse, teria ficado mais tempo no quarto, teria levado Ana (embora soubesse que crianças não entram e ponto), teria deitado ao seu lado, abraçado forte, pediria que contasse mais uma vez suas histórias de vida, que fizesse só mais uma vez seu maravilhoso espaguete, que não fechasse aqueles lindos olhinhos azuis.

Mas a gente não prevê o futuro, e não muda o passado. Fiz o que pude, larguei tudo pra visitá-la, e tenho certeza de que ela sabe o quanto significa pra mim, pra gente.

Precisava escrever isso, precisava desfazer esse nó na garganta.

Agora o Sol está começando a aparecer entre as nuvens e, de alma lavada, vou curtir esse sábado.

Beijo, bom findi!

1 comentários:

shi disse...

minha vó tem 96 anos, está tão fraquinha ... ela é o grande amor da minha vida, cuidou de mim desde o meu nascimento, dormíamos juntas até os meus 13 anos ... eu não sei como será quando ela partir :/
vózinhas deveriam ser eternas.
beijo e abraço carinhoso pra vc.

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